Sei viver só
E já nem temo a solidão
da noite
E o infinito do absoluto
silêncio
Aprendi a olhar sozinha
Para o belo à minha
volta
Aprendi, bem melhor
ainda, a sofrer sozinha
E a verter lágrimas de
pedra no interior do coração
Aprendi a interiorizar
os pensamentos
E a nunca exteriorizar
as emoções
E agora já não penso
socialmente
Nem tenho emoções
vividas
Aprendi tão bem a desenvolver
interiores sensações
Que já nem sei
exteriorizá-las
Mas como a exteriorização
é parte da sensação
Creio que tenho assim um
a vivência diferente
Aprendi a conter as
minhas necessidades
E alimentar-me da
solidão interior
Aprendi a negar tudo
Ao realizar que tudo me
era negado
A minha máscara de gelo
Tornou-se o gelo do meu
eu
Emoldurou-se tão
perfeita no meu rosto
Que o meu rosto é ela própria
E nada mais ficou
E já não sei chorar
E já não sei sofrer
E só sei que nada quero
Porque nunca nada conseguiria
É tão perfeita a auto-destruição
Que
francamente só queria
E muito profundamente
Coragem p'ra me matar
Ana
Redondo, 1978
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