Agora que trato o mundo
Como massa anónima
E cada ser que
eventualmente cruzo
Como potencial
impulsionador
Do instante que passa
Que se esbaterá na
sombra
Sem deixar rasto nem dor
Agora que vivo só
Com espectro circulante
E separado da vida
Agora que penso a cidade
Como expressão do
urbanismo,
Manobro a oferta e a
procura
Como entidades
objectivas, exteriores
E o par de namorados
Como curiosidade
sociológica
Agora que me rejo pela
lei dos grandes números
E decido o futuro
Numa calculadora
electrónica,
Agora que quebrei as
amarras
Como a minha
individualidade sensível
E encerrei bem selada
A minha vida emotiva,
Agora sim, estou
preparada
Serei uma eficiente
máquina
Na cibernética capitalista.
Ana
Redondo, 1981
Análise pragmática e sempre atual. Gosto da estrutura, mas a vida emocional nunca se consegue fechar. Somos sempre, em todas as idades, crianças que pedem mimos os fazem birras. Bjs
ResponderEliminar