sábado, 14 de dezembro de 2013

Despedida - Cecília Meireles

 Por mim, e por vós, e por mais aquilo 
 que está onde as outras coisas nunca estão, 
 deixo o mar bravo e o céu tranqüilo: 
 quero solidão. 

 Meu caminho é sem marcos nem paisagens. 
 E como o conheces? - me perguntarão. 
- Por não ter palavras, por não ter imagens. 
 Nenhum inimigo e nenhum irmão. 

 Que procuras? Tudo. Que desejas? - Nada. 
 Viajo sozinha com o meu coração. 
 Não ando perdida, mas desencontrada. 
 Levo o meu rumo na minha mão. 

 A memória voou da minha fronte. 
 Voou meu amor, minha imaginação... 
 Talvez eu morra antes do horizonte. 
 Memória, amor e o resto onde estarão? 

 Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra. 
 (Beijo-te, corpo meu, todo desilusão! 
 Estandarte triste de uma estranha guerra...) 
 Quero solidão.

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