terça-feira, 30 de julho de 2013
Silêncio - Ana Redondo
Quando o
silêncio se instala
No interior do meu ser
E o som das ondas me fala
Murmurando de prazer
Vejo o seu fluxo e refluxo
E começo a entender:
Viver não é só fazer
Pois parar e meditar
Faz falta para crescer.
Ana Redondo, Julho 2013
No interior do meu ser
E o som das ondas me fala
Murmurando de prazer
Vejo o seu fluxo e refluxo
E começo a entender:
Viver não é só fazer
Pois parar e meditar
Faz falta para crescer.
Ana Redondo, Julho 2013
Vejam bem - Zeca Afonso
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao
relento na areia dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão
E se houver uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar
Zeca Afonso, Cantares de Andarilho (1968)
domingo, 28 de julho de 2013
While My Guitar Gently Weeps - George Harrisson
I look at
you all see the love there that's sleeping
While my
guitar gently weeps
I look at
the floor and i see it needs sweeping
Still my
guitar gently weeps
I don't
know why nobody told you how to unfold your love
I don't
know how someone controlled you
They bought
and sold you.
I look at
the world and I notice it's turning
While my
guitar gently weeps
With every
mistake we must surely be learning
Still my
guitar gently weeps
I don't
know how you were diverted
You were
perverted too
I don't
know how you were inverted
No one
alerted you.
I look from
the wings that the play you are staging
While my
guitar gently weeps
But I'm
sitting there doing nothing but aging
Still my
guitar gently weeps...
In My Life - The Beatles
http://youtu.be/QBXHsgJ697E
There are places I'll remember
all my life, though some have changed.
Some forever, not for better;
some have gone and some remain.
There are places I'll remember
all my life, though some have changed.
Some forever, not for better;
some have gone and some remain.
All these places had their moments
with lovers and friends I still can recall.
Some are dead and some are living,
in my life I've loved them all.
with lovers and friends I still can recall.
Some are dead and some are living,
in my life I've loved them all.
But of all these friends and lovers
there is no one compares with you.
And these mem'ries lose their meaning
when I think of love as something new.
there is no one compares with you.
And these mem'ries lose their meaning
when I think of love as something new.
Tho' I know I'll never lose affection
for people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
in my life I love you more.
for people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
in my life I love you more.
Tho' I know I'll never lose affection
for people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
in my life I love you more.
for people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
in my life I love you more.
In my life I love you more.
Lennon/McCartneysábado, 27 de julho de 2013
Fragmento de reflexão
Vivemos num mundo globalizado. E é essa realidade que torna cada vez mais urgente que nos sintamos pertencentes e empenhados nas pequenas comunidades com que partilhamos o dia a dia. A proximidade, a criação de vínculos de empatia e interajuda far-nos-ão apreender as nossas semelhanças, pois todos temos inscritas as mesmas emoções, e celebrar as nossas diferenças, que nos complementam e seduzem.
Obrigada a todos os que neste blogue me têm acompanhado nas veredas dispersas que percorro!
Ana Redondo, Julho 2013
Obrigada a todos os que neste blogue me têm acompanhado nas veredas dispersas que percorro!
Ana Redondo, Julho 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Navegando... - Ana Redondo
Até logo, vou
partir!
Preciso de velejar
Não consigo resistir.
Com a ajuda do balão.
Neste mar que me fascina
Só desejo navegar.
Vou avançar à bolina
Com a brisa a beijar-me o rosto!
Preciso de velejar
Não consigo resistir.
Tenho vento
de feição,
Vou vogando
de travésCom a ajuda do balão.
Não me
assustam as marés
Nem as
mudanças do tempo,Neste mar que me fascina
Só desejo navegar.
E agora que gira o vento,
Tripulação no
seu posto,Vou avançar à bolina
Com a brisa a beijar-me o rosto!
Ana Redondo, Julho 2013
Por Esse Mar - Dulce Pontes
http://youtu.be/_bI5rhXKFPk
À volta das velas voei,
Naus e caravelas guiei,
Por esse mar...
Mil vezes parti e cheguei,
O rumo perdi e achei
Por esse mar...
Fui céu e fui sol
Raio de luar
E fui farol sereia
A mão de deus,
Ao leme a navegar
E fui voz a gritar
Terra à vista.
No pano da vela pintei
Uma cruz singela
E zarpei por esse mar...
Sempre mais além quis chegar,
Terras de ninguém encontrar,
Ousei sonhar...
Piano, orquestração e arranjo: Stefanos Korkolis
À volta das velas voei,
Naus e caravelas guiei,
Por esse mar...
Mil vezes parti e cheguei,
O rumo perdi e achei
Por esse mar...
Fui céu e fui sol
Raio de luar
E fui farol sereia
A mão de deus,
Ao leme a navegar
E fui voz a gritar
Terra à vista.
No pano da vela pintei
Uma cruz singela
E zarpei por esse mar...
Sempre mais além quis chegar,
Terras de ninguém encontrar,
Ousei sonhar...
Piano, orquestração e arranjo: Stefanos Korkolis
Fala do Homem Nascido - António Gedeão
(Chega à boca da cena, e diz:)
Venho da terra assombrada,
do ventre de minha mãe;
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'
Venho da terra assombrada,
do ventre de minha mãe;
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
Trago boca para comer
e olhos para desejar. Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte; meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu, e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se fez ao mar. Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.
António Gedeão, in 'Teatro do Mundo'
Na Mão de Deus - Antero de Quental
Na mão de Deus, na sua
mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
E atravessa, sorrindo vagamente,
Dorme na mão de Deus eternamente!
Antero de Quental, in "Sonetos"
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.
Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão, Depois do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.
Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada E atravessa, sorrindo vagamente,
Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto, Dorme na mão de Deus eternamente!
Antero de Quental, in "Sonetos"
terça-feira, 23 de julho de 2013
Evolução (2013)
As lágrimas que eu chorei
As mágoas que sofri
As angústias que passei
Com tudo eu aprendi.
E foi um percurso austero
Com recuos e desvios
Momentos de desespero
Em atalhos bem sombrios.
Mas todo o aprendizado
Para ficar concluído
E ter efeito vital
Exige um esforço arriscado
Que tem de ser prosseguido
Até ao ponto fulcral.
domingo, 21 de julho de 2013
Epigrama (2013)
Nesta lenta languidez
Esta carícia dolente
O tempo passa, talvez,
E eu avanço, carente.
E uma avassaladora fome
De todo o mundo abraçar.
O meu sonho é pó e lama.
Resta só este epigrama.
Ana Redondo, Julho 2013
Esta carícia dolente
O tempo passa, talvez,
E eu avanço, carente.
Este amor que
me consome
É luz, é
noite, é luarE uma avassaladora fome
De todo o mundo abraçar.
Mas sou
frágil, incapaz,
A minha ânsia
se desfaz,O meu sonho é pó e lama.
Neste esforço
ineficaz
Só tristeza
se derramaResta só este epigrama.
Ana Redondo, Julho 2013
Mundo novo - Carlos Redondo
in "Vida -Teatralogia", 1994"
Com a Dedicatória " À nossa neta Joana"
Composto pelo meu PAI para a minha sobrinha Joana, quando ela nasceu
E um lírio nasceu, todo brancura,
Nesse dia, também, no meu jardim.
Tenha a alegria de um jardim florido,
Na alma, como o lírio, linda sejas.
Com a Dedicatória " À nossa neta Joana"
Composto pelo meu PAI para a minha sobrinha Joana, quando ela nasceu
Nasceu a
nossa neta, um querubim,
Cabelo preto,
linda, branca, pura,E um lírio nasceu, todo brancura,
Nesse dia, também, no meu jardim.
Na vida
tenhas tudo o que desejas,
No rosto, o
riso aberto e coloridoTenha a alegria de um jardim florido,
Na alma, como o lírio, linda sejas.
Nasceu a minha
neta, um querubim,
E um lírio
nasceu no meu jardim.
Crepúsculo - Florbela Espanca
Teus
olhos, borboletas de oiro, ardentes
Batendo as asas leves, irisadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes...
E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes...
Como pálidas sedas, arrastando...
Um coração ardente palpitando...
Batendo as asas leves, irisadas,
Poisam nos meus, suaves e cansadas
Como em dois lírios roxos e dolentes...
E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?
Minha boca tem rosas desmaiadas, E as minhas pobres mãos são maceradas
Como vagas saudades de doentes...
O Silêncio abre as mãos... entorna rosas...
Andam no ar carícias vaporosas Como pálidas sedas, arrastando...
E a tua boca rubra ao pé da minha
É na suavidade da tardinha Um coração ardente palpitando...
Florbela
Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Alma perdida - Florbela Espanca
Toda
esta noite o rouxinol chorou,
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!
Que ninguém é mais triste do que nós!
Que chorasse perdida em tua voz!
Gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
Tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és,
talvez, um sonho que passou,
Que se
fundiu na Dor, suavemente…Talvez sejas a alma, a alma doente
D’alguém que quis amar e nunca amou!
Toda a
noite choraste… e eu chorei
Talvez
porque, ao ouvir-te, adivinheiQue ninguém é mais triste do que nós!
Contaste
tanta coisa à noite calma,
Que eu
pensei que tu eras a minh’almaQue chorasse perdida em tua voz!
sábado, 20 de julho de 2013
Citações II- Leo Tolstoi
Os que se
chamam grandes homens são etiquetas que dão o seu nome aos acontecimentos
históricos; e assim como as etiquetas, não têm relação com esses acontecimentos.
Citações- Leo Tolstoi
A arte é um
dos meios que une os homens.
O inverosímil
em matéria de sentimentos é o sinal mais seguro da verdade.
Dor (2013)
O meu coração chora
A dor que me dói
E entristece.
Mas a dor que foi
Não é o que vence
O que se expande e cresce.
Este lamento
Já não me pertence.
Em cada soluço
Um novo sofrimento
Junta o seu pesar
A sua ânsia de lutar.
E momento a momento
Mais e mais mergulho
Num novo sentimento.
É toda a dor do mundo
Que soluça em mim
Num tormento sem fim.
Ana Redondo, Julho 2013
A dor que me dói
E entristece.
Mas a dor que foi
Não é o que vence
O que se expande e cresce.
Este lamento
Já não me pertence.
Em cada soluço
Um novo sofrimento
Junta o seu pesar
A sua ânsia de lutar.
E momento a momento
Mais e mais mergulho
Num novo sentimento.
É toda a dor do mundo
Que soluça em mim
Num tormento sem fim.
Ana Redondo, Julho 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Fado Português - Amália Rodrigues
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro veleiro
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Letra de José Régio, Música de Alain Oulman
Foi Deus - Amália Rodrigues
Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto
Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim
Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor
Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim.
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
E neste tormento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto
Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu oiro ao sol
E prata ao luar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu o luto as andorinhas
Ai, e deu-me esta voz a mim
Se canto
Não sei o que canto
Misto de ventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor
Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
Começo a conhecer-me - Fernando Pessoa
Começo a conhecer-me.
Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.
Álvaro de Campos,
Heterónimo de Fernando Pessoa
Relatividade (2013)
Tempo e
espaço se confundem
Se enrolam
Se distorcem
E contorcem.
Neste vazio que ultrapassa
Qualquer singular fantasia.
Como hologramas tecidos
Na mais pura sintonia.
Em movimento ascendente
Com cada emoção ardente.
Ana Redondo, Julho 2013
Se enrolam
Se distorcem
E contorcem.
E eu
flutuo sem massa
Sou
apenas energiaNeste vazio que ultrapassa
Qualquer singular fantasia.
Passado
e futuro unidos
Em total
sinergiaComo hologramas tecidos
Na mais pura sintonia.
É uma
dimensão vibrante
Que
muda perpetuamenteEm movimento ascendente
Com cada emoção ardente.
Ana Redondo, Julho 2013
Autopsicografia - Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,Esse comboio de corda
Que se chama coração.
terça-feira, 16 de julho de 2013
Une larme (1968)
Une larme qui tombe
De ses yeux tristes
Une larme qui cache
Tout un grand mystère
Une larme qui tombe
Pour la mer immense
Une larme qui vole
Pour un lointain royaume
Le royaume des larmes
Ana Redondo, 1968
De ses yeux tristes
Une larme qui cache
Tout un grand mystère
Une larme qui tombe
Pour la mer immense
Une larme qui vole
Pour un lointain royaume
Le royaume des larmes
O mar (1967)
O mar é um sonho azul
O mar é um sonho enorme
Um sonho que não tem fim
Um sonho que não tem nome.
Ana Redondo, 1967
O mar é um sonho enorme
Um sonho que não tem fim
Um sonho que não tem nome.
Ana Redondo, 1967
Será? (1974)
Será que a beleza está
só no sonho
Será que a vida não vale mais que isso?
É triste viver
Viver para ver revelada a verdade
Será que o sonho é só mentira
E se nos fosse interdito sonhar?
Talvez nós não sobrevivêssemos
Talvez...
Talvez...
Talvez que a mentira seja um dom divino
Talvez que a palavra seja o esquecimento
Talvez que a vida seja um engano
E o sonho seja a única realidade.
Ana Redondo, Março 1974
Será que a vida não vale mais que isso?
É triste viver
Viver para ver revelada a verdade
Será que o sonho é só mentira
E se nos fosse interdito sonhar?
Talvez nós não sobrevivêssemos
Talvez...
Talvez...
Talvez que a mentira seja um dom divino
Talvez que a palavra seja o esquecimento
Talvez que a vida seja um engano
E o sonho seja a única realidade.
Ana Redondo, Março 1974
domingo, 14 de julho de 2013
Ode ao futuro (2013)
Numa
teia que cresce
A desordem floresce.
Nos seus palácios dourados
Aqueles que nos governam
Falam de direitos, democracia,
Divisão de poderes,
Constituição
Estado, empresa, cidadão.
Dos nossos parcos haveres.
Definem opacas normas
E com elas imperam.
Inventam plataformas
De legítimos usuários
Que ganham com a aposta
Previamente detalhada
Para os seus clientes bancários
Receberem como resposta
A falência dos seus bens pecuniários.
A que chamam de ciência
E os mais dóceis operários
Para que os pobres incautos
Confiem na sapiência
Dos seus licenciados arautos.
Que independentemente do partido
Os governantes serão os únicos pilotos.
Vão permanecer calados
Numa indiferença fria.
E quando algo perturba
Esta indolente loucura
Empunham todas as armas
Para logo os algemar.
Vão-se tornar diletantes
Vão mostrar toda a negrura.
E são uma imensa turba
Que mesmo de forma ordeira
Pode rasgar os preceitos
Dos senhores eleitos.
Podem tirar da algibeira
As verdades encobertas
Por trás dos falsos conceitos
E a verdade irá ressoar:
"Vocês não merecem governar!"
Ana
Redondo, Julho 2013
A desordem floresce.
Nos seus palácios dourados
Aqueles que nos governam
Falam de direitos, democracia,
Divisão de poderes,
Constituição
Estado, empresa, cidadão.
Expande-se
a hipocrisia
Com que
se apoderam Dos nossos parcos haveres.
Definem opacas normas
E com elas imperam.
Inventam plataformas
De legítimos usuários
Que ganham com a aposta
Previamente detalhada
Para os seus clientes bancários
Receberem como resposta
A falência dos seus bens pecuniários.
Nas universidades
preparam
A teoria mais adequadaA que chamam de ciência
E os mais dóceis operários
Para que os pobres incautos
Confiem na sapiência
Dos seus licenciados arautos.
E
deixam-nos ir a votos
Pois
sabem estar garantido Que independentemente do partido
Os governantes serão os únicos pilotos.
Na sua
exuberante miopia
Creem
que os milhões de enganadosVão permanecer calados
Numa indiferença fria.
E quando algo perturba
Esta indolente loucura
Empunham todas as armas
Para logo os algemar.
Esquecem-se
que os votantes
Cansados
da sua agruraVão-se tornar diletantes
Vão mostrar toda a negrura.
E são uma imensa turba
Que mesmo de forma ordeira
Pode rasgar os preceitos
Dos senhores eleitos.
Podem tirar da algibeira
As verdades encobertas
Por trás dos falsos conceitos
E a verdade irá ressoar:
"Vocês não merecem governar!"
Citações - Charles Chaplin
Se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis.
Citações - Miguel de Cervantes
Pouca ou nenhuma vez se realiza com a ambição coisa que não prejudique terceiros."
sábado, 13 de julho de 2013
Rosa do viver - Maria Bethania
Desfolhar a rosa do viver
Sem temer a ponta dos espinhos
E oferecer a vida nas canções de amor
Lágrimas na luz do refletor
... A minha vida é um romance glorioso
Escrito com as tintas da paixão
Cada verso meu, cada canção
É amor, é amor
A cada folha desse livro original
Fica mais rico o enredo
Tudo o que eu canto é real
Esse o meu segredo
E um conselho eu dou
A quem quiser merecer
Vencer na vida é amar
Cantar a vida é viver
E oferecer a vida nas canções de amor
Lágrimas na luz do refletor
Escrito com as tintas da paixão
Cada verso meu, cada canção
É amor, é amor
A cada folha desse livro original
Fica mais rico o enredo
Tudo o que eu canto é real
Esse o meu segredo
E um conselho eu dou
A quem quiser merecer
Vencer na vida é amar
Cantar a vida é viver
Ponto: abstracção matemática (2013)
No unviderso infindo
Cada ser é só um ponto
Abstração matemática
Que por si não tem sentido
Precisa de uma temática.
Um ponto não tem estrutura
Precisa de contraponto
E em parceria actua
Na demanda de um final.
Em cada instante decide
O que quer ver construído.
Que lá do cimo, da altura
Parecem pontos que brilham.
No seu conjunto flutuam
E para sempre cintilam
Resistem, perduram.
Olhamo-las, são tão belas!
Permeando-se de afecto
Vai soltando o seu tormento
A quem tem sua textura
E entende a sua postura.
Aprende, é instruído
Elege o seu trajecto
Com doçura, bravura
Fúria e agonia.
Pois nada está concluído!
Ana Redondo, Julho 2013
Cada ser é só um ponto
Abstração matemática
Que por si não tem sentido
Precisa de uma temática.
Só vive na abertura,
Quer abarcar o total.Um ponto não tem estrutura
Precisa de contraponto
E em parceria actua
Na demanda de um final.
Em cada instante decide
O que quer ver construído.
Também o firmamento
É polvilhado de estrelasQue lá do cimo, da altura
Parecem pontos que brilham.
No seu conjunto flutuam
E para sempre cintilam
Resistem, perduram.
Olhamo-las, são tão belas!
Cada ser nasce projecto
É início inconcreto.Permeando-se de afecto
Vai soltando o seu tormento
A quem tem sua textura
E entende a sua postura.
É o seu próprio arquitecto,
Precisa de alimento,Aprende, é instruído
Elege o seu trajecto
Com doçura, bravura
Fúria e agonia.
Maravilhosa ironia
Que assim nos desafiaPois nada está concluído!
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