Suave a noite cai
Numa lânguida melancolia.
E no sublime findar de um dia
Que murmura doce melodia
Ergue-se majestosa a lua
Em amena luz de cristal.
Derrama plácida a sua sinfonia
Enlaçando a terra em fios de prata e coral.
Estendo a minha mão nua
E em mim a lua repousa.
A sua sábia nobreza
Invade-me, fico presa
E em êxtase mergulho
E me afundo
Em total imersão
Na sua infinda sabedoria.
O seu nobre engenho
Vibra e me transfigura.
E agora é minha a missão
De repassar esta emoção.
E sinto este empenho
Esta rodopiante vertigem
Pois esta grandiosa dádiva terei de doar.
Menino vadio, que não tens um lar
É tua esta noite de luar.
Na cratera de magma
Do Oceano da Tranquilidade
Vais hoje poder dançar.
Tu, pobre mulher errante
Trespassada pela bala
Que atingiu o teu pai
O teu marido, a tua irmã,
E na dor perdeste a coragem,
Sente a lua que te acaricia
E com sua força te envolve,
Mansa e fulgurante.
Acalma-te, descansa
Pois a tua tristeza ela agora irá levar.
E no seu contínuo movimento,
Sobre cada tecto,
Em todos os inúmeros lugares onde passar,
As tuas lágrimas irá derramar.
Ao transportar o teu lamento
No seu eterno trajecto
A tua tenebrosa agonia
A todos vai magoar
E a tua dor lancinante
Não vão poder ignorar.
Ana Redondo, Julho 2013
Ana Redondo, Julho 2013
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