domingo, 21 de julho de 2013

Crepúsculo - Florbela Espanca

Teus olhos, borboletas de oiro, ardentes
 Batendo as asas leves, irisadas,
 Poisam nos meus, suaves e cansadas
 Como em dois lírios roxos e dolentes...

 E os lírios fecham... Meu Amor, não sentes?
 Minha boca tem rosas desmaiadas,
 E as minhas pobres mãos são maceradas
 Como vagas saudades de doentes...

 O Silêncio abre as mãos... entorna rosas...
 Andam no ar carícias vaporosas
 Como pálidas sedas, arrastando...

 E a tua boca rubra ao pé da minha
 É na suavidade da tardinha
 Um coração ardente palpitando...

Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"

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