sexta-feira, 26 de julho de 2013

Na Mão de Deus - Antero de Quental

 Na mão de Deus, na sua mão direita,
 Descansou afinal meu coração.
 Do palácio encantado da Ilusão
 Desci a passo e passo a escada estreita.

 Como as flores mortais, com que se enfeita
 A ignorância infantil, despojo vão,
 Depois do Ideal e da Paixão
 A forma transitória e imperfeita.

 Como criança, em lôbrega jornada,
 Que a mãe leva ao colo agasalhada
 E atravessa, sorrindo vagamente,

 Selvas, mares, areias do deserto...
 Dorme o teu sono, coração liberto,
 Dorme na mão de Deus eternamente!

 Antero de Quental, in "Sonetos"

Sem comentários:

Enviar um comentário