domingo, 14 de julho de 2013

Ode ao futuro (2013)

Numa teia que cresce
A desordem floresce.
Nos seus palácios dourados
Aqueles que nos governam
Falam de direitos, democracia,
Divisão de poderes,
Constituição
Estado, empresa, cidadão.

Expande-se a hipocrisia
Com que se apoderam
Dos nossos parcos haveres.
Definem opacas normas
E com elas imperam.
Inventam plataformas
De legítimos usuários
Que ganham com a aposta
Previamente detalhada
Para os seus clientes bancários
Receberem como resposta
A falência dos seus bens pecuniários.

Nas universidades preparam
A  teoria mais adequada
A que chamam de ciência
E os mais dóceis operários
Para que os pobres incautos
Confiem na sapiência
Dos seus licenciados arautos.

E deixam-nos ir a votos
Pois sabem estar garantido
Que independentemente do partido
Os governantes serão os únicos pilotos.

Na sua exuberante miopia
Creem que os milhões de enganados
Vão permanecer calados
Numa indiferença fria.
E quando algo perturba
Esta indolente loucura
Empunham todas as armas
Para logo os algemar.

Esquecem-se que os votantes
Cansados da sua agrura
Vão-se tornar diletantes
Vão mostrar toda a negrura.
E são uma imensa turba
Que mesmo de forma ordeira
Pode rasgar os preceitos
Dos senhores eleitos.
Podem tirar da algibeira
As verdades encobertas
Por trás dos falsos conceitos
E a verdade irá ressoar:
"Vocês não merecem governar!"

 
 Ana Redondo,  Julho 2013

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