sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Soubesse eu... (2013)

Soubesse eu cantar a grandiosa beleza que vejo ao redor
A diversidade fascinante que me assombra o olhar
E talvez se calasse este grito de dor,
Soubesse eu encontrar em tudo a perfeição
E talvez se desvanecesse esta ardente confusão.

Pudesse eu saber,
Quando tudo se escoa e se quebra,
Que a vida é fluir
E viver é sentir
Que a mudança é a regra
E é humano vibrar.

Pudesse eu acolher todo este esplendor
Do suave borbulhar do riacho
Ao ímpeto estrondoso do vulcão
Das estrias das folhas em minúsculo rigor
Ao grandioso universo pontilhado de estrelas
Dos cumes sobranceiros que encimam a névoa inferior
Ao sinuoso recorte que divide a costa e o mar
E talvez serenasse este anseio
Será dúvida, ambição, receio?
Talvez seja apenas ser-se humano...

O soar das ondas batendo na areia
O trinado das aves rasgando fronteiras,
O aroma da relva molhada
E o riso da criança entusiasmada
Tudo isto existe
Tudo isto acontece.

Soubesse eu embalar os meus sonhos
E avançar sem saudade
Esquecendo traição e maldade
Num manto de escolhos
Já gastos, vazios.

Então abraçaria a vida
Com bravura, certeza
Sem mágoas inúteis
Nem limites fúteis.

Ana Redondo, 30 de Janeiro de 2013

1 comentário: