segunda-feira, 10 de junho de 2013

Morrer de Amor é Assim - Joaquim Pessoa

Quem morre de tempo certo
 ao cabo de um certo tempo
 é a rosa do deserto
 que tem raízes no vento.

 Qual a medida de um verso
 que fale do meu amor?
 Não me chega o universo
 porque o meu verso é maior.

 Morrer de amor é assim
 como uma causa perdida.
 Eu sei, e falo por mim,
 vou morrer cheio de vida.

 Digo-te adeus, vou-me embora,
 que os versos que eu te escrever
 nunca os lerás, sei agora
 que nunca aprendeste a ler.

 Neste dia que se enquadra
 no tempo que vai passar,
 termino mais esta quadra
 feita ao gosto popular.

 
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'

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