sexta-feira, 14 de junho de 2013

Perspectiva (2013)

A ti, amargurado
Pelos amanhãs sombrios
Fechado no enredo
Da chamada razão
Que corres absorto
Sempre em frustração
Como se pudesses
Confinar o tempo
E assim apagar o insistente medo.

Sugiro que pares,
Respires mais fundo
Só o momento existe
Envolve-te nele.
Vê o mar revolto
Libertando as gaivotas
E talvez descubras
Que afinal não és já
Apenas nado morto.

Sempre em teu redor
Vai circulando o mundo
Entranha-o no corpo
Deixa-te levar.

Soam os vulcões
E é com a sua lava
Que o solo enriquece.
Ribombam trovões
Vêm furações
E depois, sereno, o solo floresce.

 A vida é paixão
Fascínio, emoção.
Vais compreender que tudo engrandece.

Desliga a televisão
Ignora seguranças
Será que queres mesmo viver de evasão?

Esquece os ultrajes
Confia em ti próprio
Aprecia mais as alegrias fugazes.

 E quando chegarem
Não serão tão tensas
As incontroláveis mudanças prementes.

Pois o teu olhar
Vai descobrir mistérios
Nas longínquas montanhas
Saberás apreciar
O fluir dos ribeiros
Terá mais sabor
O souflé da tua mãe
E quando, impacientes,
Os teus filhos chorarem
Será  o seu amor
O que tu vais escutar.
  
Ana Redondo, Abril 2013

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