Cavalo selvagem
A galope nas extensas planuras
Soltos em magote
Atravessando lonjuras.
Não me venham com predestinações
Certezas, afirmações.
Nasci para procurar a minha imagem
Abelha que pousa ao colo de uma florE saltitando, de asas ao vento
Vai lançar o polen no gineceu de outra flor
E assim germina e se expande o sabor do amor.
Não me venham com condições
Axiomas, explicações.
Nasci com ânsia de explorar
Gaivota aventureiraSobrevoando o mar,
Espuma das ondas
Que enfurecidas se quebram nas rochas.
Não me venham com dramas e mortificações
Enganosas soluções
Para me adormecer e me calar.
Nasci de braços abertos e coração rasgado
Árvore que cresce no fraguedo
Em árdua luta com as agruras do tempo
Estende firme os seus ramos
Vencendo chuva, vento, inundação, degelo.
Não construam uma caixa
Onde eu vá caberNão me confinem num finito espaço
Por ser mais cómodo para me amortecer.
Eu nasci sem limites
Em selvas por desbravarViolento cone de tornado
Que em segundos arrasa pelo ar.
Não me aprisionem
Não peçam, cobardes,
Que acate a sociedade.
Eu creio na inocência divertida dos golfinhos
Que acompanham os veleirosVogando em alto mar.
Não me venham repletos de azedume
Falar de sensatez e de negrume.
Eu nasci na incandescente claridade
Banhada de sol e luar.
Não me adiem o sonho e a esperança.
Eu nasci como afiada lançaNa mão do mais destemido soldado
No fragor da mais dura batalha.
Não me falem de falaciosos conceitos
E apodrecidas verdadesPois sei que são fingidas
Vossas tão ávidas civilizadas culturas.
Eu sou uma permanente alvorada
Que persiste e insiste
E de novo incendeia e aquece
A cada instante se inventa e renasce.
E nasci assim
Porque vim
Para abanar tradições vazias
E derrubar vetustas arrogâncias.
Ana Redondo, Junho 2013
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