sábado, 15 de junho de 2013

Vieste (1983)

Vieste
Ocupaste-me a alma, encheste meu pensamento
Eras um sonho tão belo... que não cabia cá dentro
Vi espaços abertos, campos infinitos
Sol Nascente, Madrugada
Certezas e esp'rança

A irradiar de luz
Desenhaste em meus dias
Insondáveis caminhos,
Atalhos floridos, rosas sem espinhos
Noites de luar
Destinos sem destino
... E sempre o teu olhar

E tinha medo...por mim
Porque sou humana, sei que não sou perfeita
Sou fraca, ingénua e louca
Mas tenho amor por ti

Queria glorificar-te as horas
Iluminar-te os passos
"Fazer de cada instante uma alvorada"
De teus mistérios minha Paz

Queria cantar-te um hino de Alegria
Ler na tua Voz minha certeza
    E no teu olhar a Eternidade
Queria fazer, enfim, de ti, minha Verdade

Queria chegar tão longe
    E sou tão insensata
Queria voar tão alto
    E já nem tenho asas
Queria abarcar tão amplo
E nem sequer sei ver
Olhar e ver

Vede onde me levaram minhas fantasias
    Devaneios
    Mentiras?
Vede onde ancorou, sem remos nem leme
Meu barco desfeito

A vida não se compadece de loucuras
A vida escarnece de ternuras
... E um relógio cá dentro
A controlar-me o tempo
Marcando-me os passos
Contando-me os dias,minutos, segundos

Tecendo-me as horas
Desfazendo os laços
(Rainha solitária bordando mortalhas)

Queria poder partir
E começar de novo
Construir do nada
    Mas saber-te perto

Mas sei que vou ficar
Na esperança sem esp'rança
De um dia voltares
De um dia chegares
E então... eu direi SIM

Ana Redondo

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